terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Delirios do Amor

O teu silencio é mais alto e ao pé de qualquer paraíso...
Tu és a tela irreal em que erro em cor a minha arte...
É a minha ideia de te sonhar...
O teu silêncio que me embala
Ah, e o teu silêncio é um perfil do pincaro solar!
Se vê, e o sonhar que há outros põe brumas no nosso sentido...
E eu deliro... De repente pauso no que penso... Fito-te
E o teu silêncio é uma cegueira minha... Fito-te e sonho...
Há cousas rubras e loucas no modo como medito
A minha consciência de ter consciência de ti é uma prece,
E o meu saber-te a sorrir é uma fulgurante luz em meu peito...
Eu sou um doido que estranha a sua própria alma...
Eu fui amado em efígie num país para além dos sonhos...
E tal qual fui, não sendo nada, eu seja...
Enfim tragado, pelo amor louco em ti!


Autor: Jauar F. Silva

Um de Dois

Tinha os gestos inocentes,
Seus olhos riam no fundo.
Que longe a vista se perde
Em sombra o azul que é verde!
É paz e mar.
O mundo têm conduzido
A prazer ou conclusão.
Sim, poderia ter sido...
Agora não esqueço e sonho.
Fecho os olhos...
veio azul a esverdear.
Agora não esqueço e sonho.
Os seus gestos inocentes
Tocavam no coração
Durmo, desperto e sozinho.
Nada explica nem consola.
A mágoa de um não ser dois
Nada explica nem consola.

( Jauar F. Silva)

O Espelho Invertido

A exposição daquilo que se quer da vida. Ao mesmo tempo a sociedade reconhece no hoje tudo
aquilo que no fundo não desejaria ver ou então, vê seus desejos não somente revelados, mas
também criticados. A sociedade no ato da descoberta do em si, se percebe, portanto, não
como sujeito, e sim como objeto. É o sentido invertido. Neste processo se , os disfarces e as
máscaras sociais criam, afinal, um jogo sutil de rupturas que leva a uma espécie de auto
reconhecimento, surgido dessa realidade às avessas. Do que estamos fugindo afinal? Estamos
fugindo de nos mesmos!O espelho social neste contexto não reflete mais o estreito mundo
social da salas das redes (redes sociais) , mas os disfarces ideológicos nela existentes. É
neste aspectos da dialética do cotidiano que nos deparamos com o nosso ser em si, que ao se
voltar “contra” e, nesse sentido, se transforma no agente catalizante da denuncia desta apatia
social Nesta sociedade ao qual vivenciamos, temos a noção de indivíduos com objeto de
indagação , mas não possui, certamente, um “uso imediato”, no qual possa focar as aparentes
contradições. Contudo, sua ampla analise proporciona uma abertura onde se opera profunda,
por meio do qual se vislumbra a fratura nesta sociedade de sentidos aparentemente. tão
divergentes
A questão que o motivou o texto é a seguinte: como a “massa” imersa nas redes sociais (
twitter, facebook e etc )consegue influenciar o sujeito de modo tão crucial, a ponto de fazêlo
pensar e agir de maneira tão diversa?
Com efeito, concordo que, numa massa, certas idéias e sentimentos subjetivos se
transformam em atos com maior facilidade. Como se lá imerso, o sujeito adquirisse uma
espécie de poder que lhe permite renderse
a tais pensamentos e sentimentos de forma
imperiosa. Tudo se passa com se, tomado por um sentimento de onipotência, a noção de
impossibilidade lhe desaparecesse, de modo que passe a não tolerar o menor hiato de espera
entre um desejo e sua efetiva realização. Da mesma maneira, por mais que o sujeito
massificado seja capaz de arduamente desejar algo, isto nunca se dá por muito tempo, posto
ser ele incapaz de perseverar em suas aspirações.
O sujeito massificado é exaltado, tem suas emoções intensificadas e pode entregarse
às mais
diversas paixões. Ele se torna um inconteste, impulsivo e, por muitas vezes, contraditório.
Ademais, sua singularidade parece desvanecer, fazendo com que ele pense e se comporte tal
qual os demais membros do grupo. Deste modo, ele tende a ser conduzido, com maior ou
menor facilidade, em conformidade com os padrões estabelecidos pela massa.
Em si, a sugestão também seria a responsável pelo estranho fato de, numa massa, os
membros se encontrarem relativamente submetidos a uma espécie de poder mágico das
palavras. Neste aspecto, um discurso apaixonado, repetido, exagerado e mesmo pouco ou
nada consistente seria capaz de instaurála.
Com ele, a simples percepção de uma emoção nos outros pode fazêla
despontar naquele que
a percebe, contribuindo, portanto, para o desvanecimento das singularidades .Na
contemporaneidade, alguns sujeitos optam por incluirse
nos fenômenos de massa emergentes
– e, portanto, sofrerem as consequências desta escolha – pela necessidade de resgatar
alguma forma de inclusão no pacto social. Ou seja, dada a relativa decadência das instituições
tradicionais, vislumbramos alguns fenômenos de massa ( twitter,facebooke etc) ganhando
espaço na cena contemporânea, funcionando como altamente sedutores para alguns. Esta
sedução se daria, justamente, por tais formações grupais se constituírem como alternativas
para o estabelecimento de laços sociais.
Em nossa cultura digital, a velocidade é proporcional ao encurtamento do tempo que era
experimentado antes nas trocas orais. A humana necessidade de conversação não é nada
diante da administração discursiva da qual fazemos parte. O tempo da oralidade é justamente o
que, podendo ser cortado sob a alegação de improdutividade, não fará falta na economia política
da fala. Ao reduzir a potência da narrativa a 140 toques (considerando espaços entre palavras),
o que o Twitter providencia é a imersão em um suposto tempo presente.
Responder hoje à pergunta “o que está acontecendo?” não diz respeito a complexidade dos
pensamentos humanos nem a diversidade de interpretações do mundo. A ação é reduzida à
narrativa protocolada em 140 caracteres. É, portanto, transformada em slogan. Se a fala
exprimida é o centro de toda relação e o que lhe dá base política, não fica difícil imaginar que o
Twitter privilegia algo como uma antipolítica.
No entanto, posso dizer que um slogan é política? Seria uma prostituição da ação? O Twitter
mostra assim sua alma publicitária diante da qual o diálogo como forma básica da relação
sóciopolitica
verdadeiramente é impossível.
Esperança de uma vida boa e justa não cabe no Twitter, “sepultura medida das idéias”, ao
mesmo tempo que era para ser uma ferramenta de ramificação de idéias e consequente
superação do estado de servidão ao qual a sociedade se encontra. Porém, já imaginou
ramificar as idéias em 140 caracteres? Você automaticamente censura a sua mente a pensar
algo a mais do que isso. Desde que as redes sociais estão entre nós, precisamos mais do que
nunca ficar atentos ao sentido das nossas relações. Sentido que é alterado pelos meios a partir
dos quais são promovidas essas mesmas relações.
. Nele, percebemos que um conjunto bastante diversificado de organizações grupais foram
igualmente tomadas como semelhantes e, portanto, fundidas sobre o mesmo termo “massa”.
No entanto, uma analise atenta consegue destacar uma distinção entre o que denomina de
“grupos artificiais” e os fenômenos de massa propriamente ditos. Como exemplo dos primeiros,
a Igreja e o Exército. Tratase,
aqui, de grupos eminentemente duradouros, altamente estáveis e
que, assim, possuem estrutura e funcionamento distintos dos fenômenos de massa stricto
sensu. Estes últimos são efêmeros e voláteis, nos quais algum interesse passageiro
apressadamente aglomerou diversos tipos de indivíduos [com] um interesse comum num
objeto e uma inclinação emocional semelhante
Aos primeiros grupos, devemos relacionar as tradicionais instituições de confinamento
analisadas por Foucault (1996) em “Vigiar e punir”. Como exemplos, destacamse
as escolas,
as fábricas e todas as demais instituições com costumes, hábitos e dinamismos duradouros. O
apoio destas instituições em determinadas tradições acaba por lhes proporcionar certa
estabilidade e, por isto, elas se configuram como objetos de respeito por parte do corpo social.
Os sujeitos lá persistem por algum tempo e, no caso de quaisquer desligamentos, suas
funções são facilmente transferidas a outros.E quanto aos segundo,a instituição da visibilidade
como instância de vigilância global e O microblog Twitter é um grande exemplo desse quadro. Os
famosos “Trending Topics” – lista de temas mais comentados na rede social – sofrem
alterações constantes e ditam os principais assuntos a serem tratados no mundo virtual e, por
consequência, no mundo físico.
Essa atmosfera de incansável mudança gera um comportamento bastante característico do
homem contemporâneo – Comportamento esse que, por sua vez, refletese
muito na realidade
social de nosso tempo. Por estabelecerem uma relação de “dependência” com essa
efemeridade, pessoas de todo o globo demonstram uma precária, ínfima e frágil identidade
cultural, em contraste com a solidez dos preceitos sócioculturais
das antigas gerações.
Em seu anseio pelo novo, a sociedade atual de hoje apresenta algumas peculiaridades
facilmente distinguíveis: a constante migração entre tendências, modas, estilos e gostos; a
parcial incapacidade de resistir a relacionamentos duradouros – sejam eles conjugais ou não; o
desejo extremo pela precoce desatualização de hardwares e softwares e a intensa alimentação
ao consumismo característico de nossa era.
O interessante disso é perceber que esse efeito é praticamente cíclico, fazendo com que
aqueles que “provocaram” todo esse dinamismo se tornem igualmente efêmeros. Um caso
bastante claro é o das redes sociais que se perdem no tempo justamente pela busca
incessante que a geração Y e X têm pelas novidades.
Tomamos, então, a efemeridade como tendência social do século. Estamos “condenados” a
transitar entre diferentes estruturas culturais e cyberculturais até o momento em que o anseio
pelo novo ultrapasse as barreiras conhecidas e obriguenos
a encontrar uma renovada – e
igualmente instável – estrutura sóciocultural.
Essa efemeridade das coisas leva a uma relativização do que é importante de fato. O ser
humano precisa de coisas substanciais e não superficiais e descartáveis.
O que não muda nunca e nunca mudará é que deve ser o nosso foco real na vida, acima de
tudo é isto que vamos deixar para nossos descendentes, e foi isto que nossos antepassados
nos deixaram: a busca da nossa felicidade. Os valores, e a virtude são qualidades que devem
ser muito mais valorizadas que a ânsia de ter mais bens e conforto. Sempre há de haver
novidades e revoluções no mundo, como sempre houve. O que fica para a posteridade é o que
aprendemos neste processo.
O grande problema de nossa época é o de preservar a independência e a identidade das
pessoas, sua substancialidade, contra o superpoder
da sociedade, cristalizado nos agentes do
Estado. Daí o caráter saneador da luta pela cidadania. No caso do Brasil, a hierarquia
extremamente desigualitária desembocou na Ditadura Militar. A mídia, legitimadora da economia
de Mercado, tornouse
fonte da retórica do embelezamento da desigualdade e da dependência.
Com sua aparência multívoca,escamoteia a realidade e oferece um mundo ilusório em cores.
Tornouse
uma técnica da exclusão cognoscitiva diante do processo de exploração. Instaura a
cegueira conformista, fazendo da consciência ingênua ancila da consciência contábil, fazendo
de conta que são todos iguais na barbaridade desigualdade da sociedade , com um objetivo
único de se causar impacto e vender propagandas, nos ‘’informando’’, como tuíteres,
instantâneos e sem nenhuma preocupação em nos oferecer uma notícia com os temperos
certos para que o nossa saúde mental, evolua com a veracidade e daí, meu caro, produziremos
revoluções; o que as produz são as informações dignas e verdadeiras, assim acordarão a
consciência ingênua e adicionarão condições socialpolíticas
adequadas para tanto.
O mito da caverna narrado por Platão no livro ‘’A República’’, é talvez, uma das mais poderosas
metáforas concebidas pela filosofia. Em qualquer tempo, para expor a situação geral em que se
encontra a humanidade. Para o filósofo, todos nós estamos condenados a ver sombras a
nossa frente e tomálas
como verdadeiras. A relação do espelho com o mito da caverna é a que
não há interpretação real para os fatos. Ela só compreende as imagens e o povo faz dela o que
quiser. E o público procede como estima.

Autor: Jauar f. Silva